Grande greve na Saúde <br>reclama acção do Governo
RESPOSTA A greve nacional na Saúde, dia 24, teve índices de adesão muito elevados, demonstrando a vontade de luta dos trabalhadores e exigindo que o Governo resolva os problemas apontados.
Exige-se solução para problemas dos trabalhadores e dos utentes
A Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, ainda durante a paralisação de 24 horas da passada sexta-feira, saudou todos os que aderiram à greve nacional.
«Com uma adesão da ordem dos 90 por cento e a grande maioria das grandes unidades hospitalares a funcionar só com os serviços mínimos», a federação da CGTP-IN considerou que a greve «demonstra a vontade reivindicativa e de luta dos trabalhadores deste sector, a razão das suas aspirações e a exigência clara de que o Governo deve resolver os problemas existentes e que afectam os trabalhadores e os utentes do Serviço Nacional de Saúde».
Com as informações de que já dispunha, a FNSTFPS informou que, «de Norte a Sul do País, quer no turno da noite, quer no turno da manhã, os maiores hospitais, como o de São João, no Porto, os Hospitais da Universidade de Coimbra e o de Santa Maria, em Lisboa, registaram adesões à greve entre os 80 e os 100 por cento, com grande parte dos serviços a ser assegurada em serviços mínimos».
Além disso, noutras unidades hospitalares importantes – como o Centro Hospitalar de Gaia-Espinho, o IPO de Coimbra, os hospitais de Santo António (Porto), Santa Luzia (Viana do Castelo), Leiria, Abrantes, Amadora-Sintra, Barreiro, Pulido Valente (Lisboa), Évora e Faro – os níveis de adesão à greve situaram-se «entre 70 e 100 por cento».
No mesmo sentido foram os dados que o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Centro avançou, referentes às 12 horas, indicando que aderiram à greve, «nos principais locais de trabalho, entre 80 e 95 por cento» dos trabalhadores. Como exemplos, o sindicato referiu os centros hospitalares do Baixo Vouga, de Entre Douro e Vouga, de Tondela-Viseu, do Oeste, de Leiria (durante a greve ocorreu uma concentração de trabalhadores à porta do Hospital de Santo André), do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, da Unidade Local Saúde da Guarda e ainda de «um grande número» de centros de Saúde.
Valores de adesão à greve «superiores a 90 por cento» foram referidos pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, numa conferência de imprensa, de manhã, à porta do Hospital de Santo António, no Porto.
Logo no início da greve, a federação tinha divulgado dados com âmbito nacional, comprovando a esperada «elevadíssima adesão», a confirmar «o profundo descontentamento dos trabalhadores do sector, pela ausência de resposta do Governo às suas reivindicações».
A greve, dirigida a todos os funcionários públicos inseridos no SNS, excepto médicos e enfermeiros (embora estes tivessem a possibilidade formal de aderir), foi convocada para exigir do Governo: negociação da carreira de Técnico Auxiliar de Saúde; aplicação das 35 horas de trabalho semanal a todos os trabalhadores; admissão dos trabalhadores necessários ao Serviço Nacional de Saúde; valorização das carreiras de Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica e de Técnico de Emergência Pré-Hospitalar; revisão da carreira de Técnico Superior de Saúde; fim dos cortes no pagamento das horas de qualidade e do trabalho suplementar; e pagamento do abono para falhas aos trabalhadores que manuseiam valores.
Mínimos todo o ano
O STFPS do Centro denunciou atropelos ao exercício do direito à greve, com médicos e funcionários de uma empresa de segurança a serem colocados a substituir assistentes técnicos e assistentes operacionais que aderiram à luta.
A greve, notou o sindicato, veio evidenciar a gritante falta de pessoal, em particular nas unidades hospitalares do SNS. A este propósito referiu que o Tribunal Arbitral que deliberou sobre os serviços mínimos, no respeitante a assistentes operacionais, definiu como «meios humanos necessários» os correspondentes ao número de trabalhadores em serviço no turno nocturno de domingo, com acréscimo de um assistente operacional por serviço de internamento, em cada um dos turnos da manhã e da tarde. «A ironia desta decisão do Tribunal Arbitral é que vem reconhecer, assim, que grande parte dos serviços abrangidos encontra-se, todo o ano, em regime de serviços mínimos», comentou o sindicato.